quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Eu, o tempo.

Olho as minhas rugas e fios esbranquiçados no espelho, é o tempo que conseguiu me achar, e lá fora o tempo segue seu ritmo frenético, passa pelos relógios dos senhores sentados na praça e muda o céu azul de calor intenso numa maçaroca cinzenta, disforme e fria, e o tempo segue seu ciclo varrendo as folhas secas das ruas e te levando pra mais longe, o tempo em sua velhice que continua a fazer brincadeiras marotas, misturando os destinos fazendo do eterno algo passageiro, que logo passa. O tempo sou eu, eu que passo por entre as pessoas envelhecendo-as, que trago a chuva e o sol, o dia e a noite, e que faço a vida ser algo tão complexo e tão óbvio, que trago as paixões e as tiro, que cultivo o amor para colher o ódio, a solidão corre em minhas veias, já que tudo passa e só eu que fico só. Pode ser inveja, ou até solidão pura e exata, mas é tudo questão de tempo! É o que sempre dizem, mas o tempo sou eu, eu que faço os ponteiros dos relógios girarem fazendo com que as horas voem ou não passem, é meu espírito traiçoeiro e brincalhão, é a minha fama de mal, um mal que só quer o seu próprio bem.