quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A menina que virou mulher.


A menina virou mulher, uma bela mulher por sinal. Revirando minhas lembranças, lembrei do dia que eu estava pronto para mais uma vez me passar por algo que não sou, passei o dia em casa treinando as saudações que eu teria que dar a pessoas que eu nunca tinha visto na minha vida. E lá fui eu, partindo pro que eu considerava ser uma das noites mais entediantes da minha vida. Cheguei e não durou cinco minutos, uma voz que me soava familiaridade, chamava por mim, e naquele pequeno instante que ela chamava a mim, eu podia notar tudo que aquela voz apresentava. Emoção, felicidade, surpresa, sentimentos que eu nuca tinha conseguido identificar em voz nenhuma, só na dela, só naquele instante, e naquele instante eu a vi, escondida entre tantos desconhecidos e fui a seu encontro, senti-me protegido naquele abraço, o mundo poderia acabar que eu estaria seguro, e via a segurança que ela sentia ao me ver, e aquilo me bastava. A menina virou mulher e que eu vou levar dentro de mim por toda a vida.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

(Des)Construção.


Amei daquela vez como se fosse a última
Beijei os seus lábios como se fosse a ultima vez
E gozou cada momento como se fosse o único
E foi abandonado por seus passos tímidos
Deitou no chão da sala como se fosse morto
E pôs em sua vida um arrependimento
Por não ter aproveitado ali cada momento
Seus olhos marejados de suor e lágrima
Sentou-se e amargou todo o seu esforço
Comeu e remoeu toda a sua vida
Bebeu e vomitou sobre suas feridas
Dançou e gargalhou sentindo-se palhaço
E tropeçou no abismo de seus pensamentos
 E flutuou no ar como uma pipa ao vento
E acordou no chão como se fosse só um sonho
Agonizou e contorceu-se saindo do pesadelo
Morreu mais uma vez enquanto estava vivo.

Amou daquela vez como se fosse vivo
Beijou os seus lábios como se fosse um pesadelo
E gozou cada momento como se fosse um sonho
E foi abandonado como pipa ao vento
Deitou no chão da sala com seus pensamentos
E pôs na sua vida mais algum palhaço
Por não ter aproveitado a dor de suas feridas
Seus olhos marejados refletem sua vida
Sentou-se e amargou todo o seu esforço
Comeu e remoeu todas as suas lágrimas
Dançou e gargalhou, aquele era o momento
E tropeçou no abismo do arrependimento
E flutuou no ar como se estivesse morto
E acordou no chão com o seu jeito tão tímido
Agonizou e contorceu-se pois ele não era o único
Morreu mais uma vez, como se fosse o último.


*Adaptação de Construção, de Chico Buarque.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Me leva! Oh vento me leva pra ela...

Saudade do seu colo, de quando minhas lágrimas eram sobre o futuro e não sobre o passado, de quando o riso era espontâneo, de quando a morte era só uma certeza, não um medo. Saudade da menina de olhos coloridos que me fez enxergar o mundo não em preto e branco, mas o mundo que eu quis ver, saudades de quando eu tinha um porto seguro e ficava à deriva. De quando o amor era só a manifestação de dois amigos, saudade dos seus atrasos sempre pontuais, de seus mantras inventados na hora de se entregar, de suas palavras e conselhos, seu olhar traiçoeiro. Saudades do tempo que eu fazia coisas pra chamar sua atenção e não parecia palhaço, de quando eu planejava meu futuro pretendendo nunca me afastar dela. O tempo passou e eu me afastei, me doía a idéia de não poder tê-la todos os dias, sufocava-me mantê-la presa dentro de mim, quantas vezes senti-me vazio por que ela não estava lá para me consolar, quantas vezes a gargalhada era interrompida por que ela não estava ali para que eu pudesse compartilhar minha alegria. Minha Claricinha cresceu e se tornou mulher, muito mais mulher que já era, uma mulher que segue seu caminho longe do meu, mas que sempre que eu posso eu quero ter por perto, quero que ela saiba que o meu amor por ela é chama que não se apaga. Vai Claricinha, entrega-te, viva, mas lembre-se sempre de ter um lugar reservado pra mim, por que o seu já é reservado dentro de mim e não há quem vá te tirar daqui.