quarta-feira, 22 de junho de 2011

Enquanto estou aqui

As contas chegam em casa e o dinheiro não sobra,
A obra tá atrasada e a comida no armário não vai durar até eu poder comprar
Os filhos precisam de dinheiro
E os pais sem estudo, não conseguem emprego

Quando se quer a paz, é quando menos se tem
O futuro eu faço amanhã, não dá mais pra esperar,
Enquanto eu estou aqui tem gente querendo me matar

Quanto custa a sua alma, quanto custa o seu prazer
A vida é um grande mercado, é só mostrar o que tens a vender
O sexo, a alma, a vida, a fé, o caráter ou até sua dignidade
Cada um que dê o seu preço, que sempre haverá alguém disposto a comprar

Quando se quer a paz, é quando menos se tem
Da esperança faz-se a tolice
Enquanto eu estou aqui tem gente querendo se matar

A quem você serve? A Deus ou ao Dr. Deus?
Tantas bíblias, capítulos e versículos lidos em vão
Olhos se fecham, mãos se estendem, mas não é para Deus alcançar
É para o dinheiro da inocente ovelha, o falso pastor pegar

Quando se quer a paz, é quando menos se tem
Inocentes nesse mundo não sobreviveram
Enquanto eu estou aqui tem gente pronta a matar

Tantos tiros e nenhuma explicação,
As balas não são mais perdidas, sempre acham um alvo a abater
Em um jogo aonde os heróis são vilões e os vilões crianças que seriam nosso futuro
Em quem podemos confiar?

Quando se quer a paz, é quando menos se tem
Tantos inocentes a morrer pela imprudência e pelo descaso
Enquanto eu estou aqui tem gente desaparecida, já morta em algum lugar

Crianças o futuro do planeta, algumas padecem sem água e comida
São apenas pele, osso e ferida
Jovens, tão generosos e tão glutões,
Quem diria que o mundo hoje em dia se resumiria em dar e comer

Quando se quer a paz, é quando menos se tem
O egocentrismo é o que governa essa terra
E enquanto eu estou aqui, vai que uma bala te acerta

Rabugento

Deito e me viro,
Reviro e reflito
O que é viver no delito,
Se é normal gostar do proibido,
Confuso, eu estou
Desequilibrado, eu me vou
A pele avermelha-se em reação as flores de primavera,
No verão as minhas costas queimam,
Quando é outono os casais se namoram
E é no inverno que tudo vai embora.
Sentado na praça, eu leio
Releio e novamente me reviro,
Do avesso de mim, reflito
As mentiras que eu finjo que acredito
Os amigos que eu nunca quis ter,
As minhas demais personalidades de mim se esconder,
Minha teimosia em esperar o sol aparecer.
Resmungo e não nego,
Tenho o que quero e não me apego,
Se da vida nada vai se levar,
Meu veneno eu vou pra sempre lançar.
Acordo e levanto, me viro e reflito
Por que será que eu ainda raciocino?!