Homem de gelo a navegar pelo oceano,
Sozinho a flutuar, sozinho a se esvair
Vive abandonado procurando se encontrar
Tenho medo do futuro, mas também temo o meu passado
Tenho medo de morrer aqui e tenho medo de sair por aí
Tenho medo de mentiras, mas também temo as verdades
Tenho medo do não, mas também do sim
Tenho medo dos meus erros, mas não comemoro os meus acertos
Tenho medo de morrer sozinho, mas temo os que me cercam
Tenho medo da vergonha e da timidez
Tenho medo do raso e do fundo
Do que machuca, mas emociona
Do que emociona, mas machuca
Tenho medo do escuro, mas não consigo ver claridade
Tenho medo da loucura, mas desprezo a sanidade
Tenho medo de homens e de mulheres,
Das crentes e das ninfetas
Dos travestis e dos pitboys.
Tenho medo do sol e da chuva
Da lua e da rua
Tenho medo do equilíbrio, mas também da vertigem
Tenho medo de abismos.
Temo a vida e suas outras vidas,
Mas não temo as feridas abertas que carrego,
Carrego para sempre me lembrar e outra vez me machucar
E adicionar a minha coleção de medos, todos os meus anseios.
