sábado, 30 de abril de 2011

Gênesis e Apocalipse


Olhar o mundo do lado de fora e pedir pra descer, entrar nele e ver a impunidade, a sociedade com seus pré-conceitos, a individualidade de cada ser acompanhado de seus milhões, a loucura dos velhos largados nas ruas, as meninas que já nascem meretrizes, os meninos que agridem os seus iguais pelas diferenças que os une, os pais que matam seus filhos, os filhos que agridem seus pais, saio pela rua e inalo a fumaça tóxica que sai dos carros. Não consigo respirar, pouco a pouco sinto-me sufocado, não sei se são os cigarros que acendo ou se é o sol que me enrola, me aperta, me acende e me traga, momentos de euforia que se transformam em depressão, e que, quando abro os olhos sinto me embriagado. A Terra gira cada vez mais rápida, cambaleando bêbada em seu eixo, procurando um ombro amigo para chorar o seu oceano de lágrimas. Me pergunto se Deus desistiu da humanidade, ou se o gênesis e o apocalipse são rotinas, se todos os dias do barro eu venho e a cada noite sou submetido a encarar os anjos e os demônios do julgamento final. Escrevemos nosso próprio futuro, mas acho que pulei algumas páginas da minha vida, e sinto que não há mais tempo para reescrever essa história, sinto-me morto a espera de um Cristo que me mande vir pra fora, ver um novo mundo, ou até mesmo por alguém que me pegue pela mão e me faça construir um mundo só pra nós dois, que sejamos Adão e Eva no nosso paraíso, e que o único pecado é amar incondicionalmente.

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Nossos Enganos - Ângela RôRô

São nossos os nossos enganos
Os danos que danam em nós
Os erros que erramos unidos
Pagamos com a vida a sós
A vida com as horas contadas
O encontro marcado às escuras
Caminho de pedras marcadas
E um chão de penas duras
A raça humana ingrata
Só fez ferir a terra
De um jeito que não haja mais amanhã
Cruel geral tormenta
Doença, fome e guerra
Tão triste reconhecer que sou vilã

sábado, 23 de abril de 2011




Vagabundo nato, louco e desvairado,
Malandro, boêmio.
Acorda quando falta um minuto para o meio dia,
Só pra ter a desculpa de que acordou cedo.  
Assim que acorda toma o café e acende o cigarro,
Calça os chinelos e abre a janela pra levar a primeira surra do dia,
O sol lhe tira logo de cara a visão,
Ele fecha os olhos e aos poucos volta a enxergar, era só a primeira do dia.
Volta pra dentro e fecha a janela, toma um banho,
Põe uma roupa qualquer, pega os óculos escuros e vai pra rua, sua verdadeira casa.
Lá encontra a família que ele escolheu
Os mendigos, meretrizes, viciados, jovens irresponsáveis iguais a ele, e assim ele é.
Cabeleira exposta ao vento, cadarços soltos ao relento
Sem preocupações, sem obrigações
Guiado pelo amor, seja dos homens ou das mulheres que ele já amou
Aliais, não ama, pois tem medo de se aprisionar
Carrega dentro de si as declarações de amor que já lhe fizeram
E as lágrimas de quem lhe ouviu dizer não.
Mas segue seu caminho sem olhar pra trás,
A estrada é uma só assim como a vida,
Depressões vão embora com os goles de Whisky,
Os problemas se vão com o anoitecer,
Amores se fazem antes do galo cantar,
E ele vai embora, antes do povo acordar.

Aniversário do blog *-*



Sinto até hoje a dor dele ao sair de minhas entranhas até agora, e vê-lo caminhar desengonçadamente, balbuciar as primeiras palavras. Nem parece que um ano já se passou, e com eles as lágrimas, sorrisos, arrependimentos, orgulhos, e meu filho aqui, sempre disposto a me acolher e a me consolar. A companhia solitária dele me faz acolhido em um ambiente cada vez mais independente, sua conduta de me ouvir sem nada me dizer faz com que eu não me sinta tão culpado pelos meus erros. Meu filho, a única coisa que posso chamar de minha, meu diário, meu confidente e fiel escudeiro , pra alguns só mais um blog, pra mim um amigo.