Um coração ferido já não manda mais em si, segue pulsando
freneticamente em direção ao primeiro que lhe aparece. Segue andando
cambaleante, trocando as pernas, tropeçando no meio fio das calçadas. Cair já
não machuca mais, ele está ferido, se esvaindo em sangue, suor, choro, gozo,
todas as secreções que um corpo é capaz de expelir. Ele estava sempre ali,
sempre esteve. No revirar dos olhos e nas pernas trêmulas de prazer, no suor
que escorre da fricção entre os corpos no gosto salgado que veio a boca quando
os tapas foram proferidos, na dor estampada em forma de lágrimas que feito água
na nascente, brota nos olhos e deságua nas curvas do rosto. Um coração ferido
mão tem mais pra onde ir, ele sobe o morro, bebe cachaça e incorpora a falsa
entidade que lhe promete trazer a pessoa amada em três dias, ele vai pra Zona
Sul escrever sua história na mais fina seda só pra dizer que é um “baseado em
fatos reais”, ele anda, anda, anda e segue sem rumo, sorrindo para o choro
alheio, chorando pros sorrisos amigos. Por mais profunda que seja a ferida, ela
há de cicatrizar, e esse maltrapilho coração, voltará a pulsar em seu compasso
firme, foda e único.
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