domingo, 11 de outubro de 2015

Firme, foda e único.

Um coração ferido já não manda mais em si, segue pulsando freneticamente em direção ao primeiro que lhe aparece. Segue andando cambaleante, trocando as pernas, tropeçando no meio fio das calçadas. Cair já não machuca mais, ele está ferido, se esvaindo em sangue, suor, choro, gozo, todas as secreções que um corpo é capaz de expelir. Ele estava sempre ali, sempre esteve. No revirar dos olhos e nas pernas trêmulas de prazer, no suor que escorre da fricção entre os corpos no gosto salgado que veio a boca quando os tapas foram proferidos, na dor estampada em forma de lágrimas que feito água na nascente, brota nos olhos e deságua nas curvas do rosto. Um coração ferido mão tem mais pra onde ir, ele sobe o morro, bebe cachaça e incorpora a falsa entidade que lhe promete trazer a pessoa amada em três dias, ele vai pra Zona Sul escrever sua história na mais fina seda só pra dizer que é um “baseado em fatos reais”, ele anda, anda, anda e segue sem rumo, sorrindo para o choro alheio, chorando pros sorrisos amigos. Por mais profunda que seja a ferida, ela há de cicatrizar, e esse maltrapilho coração, voltará a pulsar em seu compasso firme, foda e único.

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