domingo, 11 de outubro de 2015

Memórias De Um Palhaço Sem Graça.

Dizem que a vida imita a arte ou é o contrário, prefiro pensar que a arte é única.

Meu andar sempre fui descompassado, nunca precisei de sapatos grandes. Meu nariz sempre foi grande e também nunca precisei pintar de vermelho. Alguns já nascem palhaços, outros se tornam, eu me descobri. Meu lado cômico é triste e meu lado triste é extremamente engraçado. No dia em que fui me declarar ao meu primeiro amor, me pegaram pra Judas em sábado de aleluia, vários meninos em roda me dando tapas e chutes, foi quando percebi que amar é sofrer, que sofrer é engraçado. Após o trágico episódio, decidi assumir a veia artística, me tornei extremamente irônico, debochado, ácido, muitas vezes humilhava os que eu julgava serem menores que eu, pura ingenuidade! Eu criei uma casca mental que fazia com que nada me atingisse, engano brutal. Ninguém sabe a dor que é ser um palhaço apaixonado, e eu já me apaixonei algumas vezes e todas terminaram da mesma maneira, sendo feito de palhaço. Fui traído em público, execrado nos palcos e sempre sorria, pois pensava que a vida era uma grande palhaçada, mas agora decidi me aposentar, um palhaço também cansa. Vambora desfazer a lona, por que o circo já vai embora, eu já limpei minha cara e o palhaço agora é você. Você que riu, você que traiu, você que ignorou, você que humilhou. Você.

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